Educar em tempos de incerteza

Atualizado: 22 de mar. de 2021

O período de isolamento mexeu com todos, de inúmeras maneiras. Preocupa-se com a saúde daqueles que estão mais expostos ao vírus, com a situação econômica de quem depende do movimento da rua para ter seu sustento e com os novos desafios de estar afastado de todos e, ao mesmo tempo, muito junto dos nossos, a família. Tudo isso, sabemos, repercute – também de inúmeras maneiras – na saúde mental de cada um. Ansiedade, insegurança, medo, tédio e irritação são sentimentos fáceis de experimentar nesse período.

Se é assim para nós, adultos, imagine para eles.

O estabelecimento de rotina, doméstica e escolar, é extremamente importante para as crianças. A regularidade indica para elas que seu ambiente é seguro e, deste modo, permite que se sintam confiantes para viver livremente explorando todas as suas potencialidades, o que contribui para seu desenvolvimento. No entanto, estamos agora, todos, sem garantias, vivendo num ambiente inseguro, instável. Como proporcionar a tranquilidade de que precisam para seguir adiante em seu crescimento?

Muitas escolas têm se organizando para oferecer a modalidade de ensino a distância como uma alternativa para transpor este período. O desafio, se já parece enorme de uma maneira geral, pode ser bem maior para os educadores, pais e alunos da educação inclusiva. As razões pelas quais uma criança ou adolescente é considerado aluno de inclusão são diversas, assim como suas características pessoais. Deste modo, parece-nos impossível e irresponsável dar qualquer orientação genérica em relação ao processo de aprendizagem destes estudantes. É preciso conhecê-los um a um e por isso, agora mais do que nunca, família e escola precisam dialogar. Educadores conhecem o estudante e seu modo de aprender dentro da escola. Agora, o ensino será feito em casa, a distância. Como ele funcionará através de uma tela de computador? Como ele funcionará diante das explicações dos pais? E se os pais não estiverem disponíveis e o estudante não tiver autonomia para realizar as atividades sem o mediador escolar?

Sabemos que há escolas já bem estruturadas no que diz respeito às plataformas virtuais de ensino; outras, semiestruturadas, com algum uso mas com poucas ferramentas; e ainda outras sem nenhuma familiaridade com o assunto. Do mesmo modo, há alunos da Educação Inclusiva inseridos nos mais diversos contextos e, portanto, com maior e menor suporte educacional especializado.

Os pais precisarão de muita calma para, além de organizar todas as demandas domésticas, de trabalho (virtual ou não) e de ensino dos filhos, conseguir estabelecer alguma forma de comunicação simples e eficaz com a escola. Pode ser o feedback de alguma tarefa, por exemplo “esta pareceu muito longa, depois de 20 minutos ele(a) perdeu a concentração/o interesse” ou uma sugestão “meu filho(a) se dispersa muito fácil quando no computador, mas temos impressora, poderiam enviar no formato padrão da escola para imprimirmos aqui?”

Esta seria uma situação ideal, em que famílias e escolas mantém um diálogo constante, mas sabemos que este ideal nem sempre se concretiza. Por isso, gostaríamos de saber: como tem sido este período para você, pai/mãe? E para você, professor?
Vanessa Alves e Rianne Zabaleta

Por:

Foto de Rianne Zabaleta

Rianne Zabaleta

Psicóloga, estudiosa da vida, observadora do tempo, interessada pela singularidade de cada trajetória humana.

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